Furando paredes

O mundo é dividido em vários grupos, aqueles que usam guarda-chuva e aqueles que não, aqueles que têm chapéus e aqueles não, aqueles que usam a fazendinha do facebook e aqueles que não e aqueles que furam paredes e aqueles que não.

Eu uso guarda-chuva, não tenho um chapéu sequer no meu armário , nenhuma fazendinha me pertence no facebook e nunca furei uma parede. Isso está prestes a mudar. Não, não vou comprar fazendinha nenhuma e ainda não vou adquirir nenhum chapéu e continuo achando bastante funcional o guarda-chuva. Me refiro às paredes. Me refiro à furadeira. Me refiro à ação de furar uma parede. Parece simples, mas não é. É preciso ter coragem. Sim, coragem. Afinal é um furo, que se não for bem feito, simétrica e esteticamente falando, se transformará em uma falha irritante, um furo sem prego, sem quadros, sem nada. Um furo. Um ponto preto no meio do branco, ou rosa, ou verde, ou vermelho, em fim, um ponto preto na sua parede.

Mas o que é um furo para nós mulheres corajosas? Porque se prender a tão pouco? Por que o medo de arriscar? Pensando assim, preciso me libertar dessa ideia louca, mas para isso primeiro preciso de uma furadeira. Sei que o "faz tudo" está ai para isso, mas eu quero emoção, transformar o ato de furar a parede em quase um ato simbólico, enfrentar os obstáculos. Sim, vou precisar de ajuda. Mas deve ser emocionante. Enquanto eu não tenho uma parede para chamar de minha, admiro as paredes alheias, já que minha avó vetou qualquer ideia. Quando falei que queria pendurar os simpáticos elefantinhos indianos que trazem sorte, ela fez uma expressão de sofrimento que nunca vou esquecer. Ela também precisa ser libertada !

Tenho a sensação de que as pessoas que furam paredes, com ajuda ou não, são mais livres de alguma forma, por isso quando eu tiver a minha, quero viver furando paredes!

imagens: theselby e thecupcakesandcashmere.